O roçar do lençol no meu ouvido anuncia o fim do sono. Surgem as buzinas, os motores em rotação máxima, os pneus roçando o asfalto e gritando, o ar se deslocando à medida que passam os apressados PAULISTAS em direção às suas casas, trabalhos ou sei lá onde vão os PAULISTAS à essa hora da manhã! Com muito esforço, abro os olhos e vejo o edredom amarrotado em frente ao meu rosto, viro, me arrasto, empurro o colchão com as mãos e num instante estou sentado. Tonteio, balanço a cabeça, olho, tento fixar o olhar mas o sono voltou. Brigo comigo mesmo e me levanto. Esse barulho me atormentando a cabeça. Vou ao banheiro, o barulho diminui a cada passo que dou em sua direção. Chego, abro a porta, acendo a luz, entro, fecho a porta, levanto os braços, me espreguiço e quase caio. Mecanicamente, quase como um robô, abro a torneira, molho as mãos, encho de água e jogo no rosto numa tentativa em vão de acordar! Escovo os dentes, sorrio no espelho, fecho a torneira, tiro a roupa (se tiver vestido), abro a porta do box e sinto o piso frio sob meus pés. Abro a torneira do chuveiro e aquela festa de água cai. Banho é bom! Lavo ali, aqui, acolá. Fecho a torneira e saio. Toalha, seco! Volto ao quarto, o barulho aumentou, a luz aumentou, o dia está começando! Escolho uma roupa, visto e vou prá cozinha! Ponho água na chaleira e começo a procurar o pó de café. A chaleira apita, o pó já está no filtro, ponho a agua lentamente e fico observando o café se misturando, sobe o cheiro, perfeito, cheiro de café da manhã! Açúcar na xícara, café, mexo, bebo lendo o jornal, ou assistindo qualquer coisa na televisão. Pego minhas chaves, abro a porta de casa, chamo o elevador. Desço, caminho até o carro, abro, entro, ligo, engato a ré, saio da vaga, e subo a rampa. Abro o portão e vejo a cidade à minha frente. Devagar, vou saindo com o carro, pego a avenida, acelero, meus pneus começam a roçar o asfalto e prá onde vou? Eu sou PAULISTA, não importa onde eu vá, Eu sou PAULISTA! Ainda não acordei, no meio do caminho descubro prá onde vou!